6.10.07

nothing like a belly full of stitches to let you know you're alive

O bom de ter amigos próximos é que eles não te deixam perder coisas que não deveriam ser perdidas. Passei os últimos 2 dias ouvindo o quanto a Wendy McNeill é incrível e tuda e etc. Eu só fui no show de hoje porque foi de graça. É, eu sei, muito pilantra. Mas eu compensei. Acompanhem.
Cheguei meio atrasada. Show em livraria, no andar dos livros infantis. Não sabia muito sobre a mulher, só que ela era super recomendada por pessoas que têm total credibilidade comigo. Na livraria, fui seguindo o som. Vi uma porta de correr, fechada. Abri.
Caguei no maiô.
A sala era pequeniníssima. Tinha umas 30 pessoas, ela num palco, sem amplificador nem microfones. E claro que todo mundo olhou pra mim quando entrei. Até ela.
E ninguém me avisou que a filhadaputa era linda! Que ódio.
Ela tava no fim de uma música. Encostei na parede e quase acendi todas as luzes da sala (que tava quase no escuro, coisa linda). Cheguei chegando mesmo. Ela terminou a música e perguntou se eu queria a cadeira que tava no palco. Caguei de novo no maiô. Só consegui balançar os braços. Ela sorriu, começou uma nova música. Só na metade dessa nova música que eu consegui me recompor e pensar em sentar, já que as minhas pernas não me obedeciam mais. Sentei no chão, fúcsia. Eu, não o chão. Do meu lado tava um cara com a filha de uns 3 anos. Que também tava sorrindo, como todo mundo na sala.
O show foi rolando e eu vi que ela não foi fofa comigo porque eu sou oh so very good looking. Ela é fofa. Com todo mundo, até quando não tinha que ser. Ô pessoa simpática. Não basta ter voz de anjo, ser incrivelmente linda e tocar instrumentos esdrúxulos. Tem que ser educada, fofa, engraçada, solícita e goofy. Esqueceu dois pedaços de letras e tirou foto do público.
Tinha criança, cachorro, velho, indie, nerd. Algumas pessoas jogadas no puf mas, ao mesmo tempo, todo mundo que tava lá, tava porque queria estar. Não é fácil reunir tanta gente numa noite de sexta-feira em São Paulo.
Durante o show eu não sabia se chorava, se ria ou se chorava rindo. Ela às vezes vinha perto ou olhava. Nunca vi um show tão de perto, então não conseguia olhar quando ela tava a dois passos de mim. Eu só tinha vontade de chorar mesmo. Ali, na frente de todo mundo, por alguém que tava me contando uns segredos. Se eu me lembro, é meio como se apaixonar.
No fim, eu tava atordoada e fiquei dando volta no quarteirão até lembrar onde tava o carro. Demorei pra achar, fiquei ligando pra todo mundo pra contar o que tinha acabado de me acontecer.
Eu não sabia o que esperar, de verdade. Encontrei uma banda de uma mulher só, com carisma e talento pra apaixonar todo mundo que tava ali. Ela fez isso, ficou muito claro quando todo mundo saiu do show e foi comprar o cd. Comprei dois, um pra pessoa que me indicou. É o mínimo que se pode fazer nessas situações. Quando alguém faz isso com a gente, fica muito difícil retribuir. Porque não tem gesto que dê conta.
Preciso começar a sair de casa usando fralda.

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