27.6.07

i've kissed mermaids, rode the el nino

Outro dia eu tive um sonho assustador. Como a minha mãe diz, eu já tive várias vidas passadas numa só. Já fui diumtudo, até eu duvido às vezes. É meio esquizofrênico esse sentimento de olhar pra trás e falar 'vixe, era eu? Nem era, hein'.
Tô enrolando pra falar que eu tinha um futuro relativamente promissor...no esporte. É, eu sei. Sou a única nerd loser que só virou nerd loser quando passou da adolescência.
Eu não era popular. As pessoas me conheciam, mas eu não fazia questão (apesar de que ouvir a escola toda gritando o meu nome na base do 'tum tum tum' entrou pros meus greatest hits). Eu adorava mesmo era viajar pra outras cidades pra competir. Era muito incrível, eu passava o dia com o mais próximo do que eu posso chamar de melhores amigas durante o ginásio-colegial, falando besteira, com aquela leve ansiedade do 'daqui a pouco eu tenho que ir ali e kick some ass'. A gente viajava bastante e acabava fazendo amizade com o pessoal das outras cidades. E era muito legal poder andar com aquela (long lost) confiança de sermos as melhores do lugar (de fato, a gente era mesmo). Acho que foi a única época da minha vida que eu fui meio Alpha.
Mas enfim, sonhei com essa minha vida passada e fiquei pensando como teria sido se eu tivesse seguido esse caminho. Concluí que eu provavelmente estaria nos EUA, tipo em Tampa, sei lá. Eu seria loira, bronzeada, noiva do Juan, que também seria atleta (mas secretamente, eu seria completamente apaixonada pela irmã dele, Juanita, uma morena voluptuosa que me ignoraria totalmente. Mas a eu de Tampa saberia amar em silêncio). Eu teria dinheiro, gostaria de Red Hot Chilli Peppers e Incubus, iria pra Tihuana nas férias com as amigas pra ficar tremendamente bêbada e tentar engrupí-las no 'tô loka do meu edi! let's make out!'. E seria a única situação em que eu beberia, porque meu corpo ia ser diumtudo e eu não ia querer estragar. Meus filmes preferidos seriam À espera de um milagre, Pegue-me se for capaz, Uma linda mulher e Thelma&Louise ('por causa do Brad Pitt'). Eu até me vejo indo à igreja, comendo vegetais, acordando super cedo pra correr, não sabendo usar a 'interweb' nem a quantidade alcoólica da vodka. Seria uma boa amiga, uma boa noiva pro Juan (a eu de Tampa saberia o que é auto controle e negação), não saberia o que é 'chapelaria' nem viveria a dúvida do 'é de entrada ou de consumação?', não teria vontade de sair pela casa correndo gritando 'TYRA MAIL!'.
Totalmente comum*, como tantas outras.
Mas em um aspecto, em um mísero aspecto que seja, eu seria uma das melhores. Ordinária, mas extraordinária em pelo menos uma coisa.
Ser a eu de Tampa não me parece tão ruim agora. Dream of californication (é isso?)

* não que eu não seja hoje em dia, pelamor, né. Mas comparando a eu de Tampa e a eu de hoje.

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26.6.07

let you prove your heart is colder than mine

Tem dias que nem ouvir elogios (provavelmente alcoolizados e certamente injustificados) me comparando com a Jaye Tyler ou com a Lara Perkins me ajuda. Mas sempre tem a semana seguinte e de repente, quando eu percebo, tô gostando do ariolG. É, eu sei, é kármico. Acho que é uma questão de música mesmo. E eu acho muito engraçado que compreensão, sensibilidade e carinho apareçam das pessoas que eu menos espero. Não romanticamente, claro, that ship has sailed a long time ago. Mas do jeito que eu realmente preciso.
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Como se eu precisasse de mais motivos, ela assiste Heroes.
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Escutem Edith Frost até os ouvidos sangrarem, faz bem (not). Tem uma música dela aí do lado (e vou uploadear outras quando o saco deixar, essa que tá aí não faz justiça). É uma coisa Liz Phair menos guy-centric, ligeiramente mais profunda (é do tipo que eu preciso de fralda pra ler), menos naughty mas com o mesmo grave incrível. Até a minha avó gostou da Edith. E isso é atestado de qualidade. Minha vó que me fez gostar da outra Edith, a Piaf, desde pequena. Ela gostou quando eu coloquei o Forgotten Arm outro dia, apesar de não ter gostado muito do The Con. Mas acho que foi porque ela tinha acabado de almoçar e tava atrapalhando a digestão. O que ela gostou mesmo foi da Edith Frost e da Feist. Ela amou Feist.
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Falando em Jaye Tyler, já quero ver esse filme. Jaye falando francês! Cavalos! Bundas brancas! Jaye looking hot as hell! Cavalos de novo! Não entendi do que se trata, mas já quero (apesar de ter o moço de C.R.A.Z.Y., que eu não gostei. A única coisa boa de C.R.A.Z.Y. pra mim foram as referências à Patsy Cline). O trailer. Assiste até o fim. Ain.


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Tenho que acordar em 3h30. Gostoooooso, nham.

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18.6.07

i'm capsized, staring on the edge of safe

Ter ido todo dia ao hospital me deixou de cama na outra semana. Eu saio de lá completamente exausta, querendo dormir pra sempre ou que a Terra se abra e me engula. Meu vô tá com pneumonia. Aí acabei ficando cagada de febre e nem pude ir na parada, que é o meu evento preferido do ano todo. Mas enfim, me caguei inteira e só agora tô melhorando.
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Eu quase encontrei a Chloe Sevigny outro dia, totalmente sem querer. Mas magina, né, que o universo ia ser bom comigo e me dar isso de presente.
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Ó. A anta que masca, os macacos floggers divas que posaram pra foto, os flamingos new ravers de wonderfalls e o pingüim coringa que tá em todas. Fotos e vídeo by sirx sioux.
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Que tendência mórbida é essa de as pessoas escreverem carta quando acham que vão morrer? Primeiro o meu pai (eu até postei sobre, faz tempo, quando reli a tal carta depois de tipo oito anos), agora meu vô. Ele tá aflito, acha que vai morrer. Ontem tive a impressão de que ele vai demorar pra sair do hospital mesmo, if at all. Aí na carta tinha tipo umas diretrizes básicas e etc. Eu acho é muito mórbido.
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Er. Caso eu morra de repente, quem tem o endereço do meu blog secreto pode divulgá-lo pro mundo. Eu vou estar morta mesmo, ninguém vai sofrer de vergonha alheia ou vai ter coragem de ser grosso e insensível comigo. Pegaeu no além.

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13.6.07

remember when i was so strange and likeable?

Aí tem Roma, né (o seriado, não o lugar. Não tenho dinheiro nem pra ir pra ZL). Que tem até povoado o meu inconsciente e tentado me converter pra heterossexualidade perpétua graças ao Pullo (mas ao me oferecer a Servilia, neutraliza tudo e me deixa vesga). O legal do seriado é que eles estabelecem as bases dos relacionamentos de uma forma que acaba explicando muito o que aconteceu de verdade. Tipo que o Brutus não era um vilão psicopata, preto-e-branco, mas um filhinho de mamãe com um monte de demônios no armário. Os papéis das mulheres são ótimos e elas que acabam mandando na história toda.
O Vorenus é um dos principais soldados, líder do resto, bota ordem na casa mesmo. Um Jack Shephard de Roma, inclusive na capacidade pra ficar cagado e completamente auto-destrutivo quando tem problemas com a esposa.
Ele é melhor amigo do Pullo. O Pullo não é igual a ninguém, por isso eu sonho com ele. Não existe gente assim. Fiel (aos amigos, pelo menos), seguro, fofo, sabe estraçalhar 30 pessoas em 30 segundos, bonitão. Pullo, be my wife.
Aí a gente tem os três lados da guerra: o Otávio (mais tarde Augusto), o Marco Antonio e o Brutus, que foge depois de matar o Júlio César. O Otávio e o Marco Antonio, fudidos da vida, se juntam pra matar o Brutus.
O Otávio é quase uma Buffy da vida. Cresceu meio normal, chegou à adolescência e foi mandado pra treinamento. Voltou todo fodão e botando moral, se achando the chosen one. Vai pra guerra, volta da guerra e a própria família no maior caos. Nem tem coisa mais Buffy que isso. Não sabe se protege a irmã e a mãe ou se vai lutar. Sempre tem que fazer as escolhas mais difíceis.
O Marco Antonio é tipo a Lucy Spiller, de Dirt. Sob os holofotes, é o maior político cara-de-pau que se safa de muita sacanagem. Nos bastidores, trama tudo e não consegue não ser politicamente incorreto. Tem também uma tendência bem Anya de falar a verdade do pior (e mais honesto) jeito.
Coitado do Brutus, maior dó. A mãe, Servilia, exuzou tanto o menino pra matar o Júlio César que nem teve outro jeito. É uma versão bem menos hot da Kate. Os dois mataram a figura paterna por causa da mãe. Édipo quem?
As famílias rivais são os Junii e os Julii. A Servilia (dos Junii) e a Átia (dos Julii) se odeiam por ciúmes de ambas por causa do Júlio César, o que levou a um monte de merda e a coisa tomou uma proporção gigante.
Os Julii são a Átia (mãe) e Otávio e Otávia (filhos).
A Átia é chamada aqui de Julii Cooper, o que não poderia ser mais verdade. Além da semelhança física, a Átia e a Julie Cooper são as mães mais manipuladoras que eu já vi (na tv, né). As duas sugam (ui) homens poderosos (a Átia sempre atrás do Júlio César e depois, do Marco Antonio; e a Julie, de todos os velhos ricos de Orange County). As duas colocam os filhos em cada situação que pelamor, alguém chame a assistente social. A Átia já mandou a filha catar o próprio irmão e a Servilia.
Claro que a Otávia faz tudo que a mãe pede. Como a Saffron, que vê as merdas da mãe mas por ter coração mole acaba cedendo. As duas até se parecem fisicamente, sem falar no azar com os homens (eu sempre achei que o melhor tanto pra Saffron quanto pra Otávia seria o lado gay da força. Mas eu sempre acho isso pra todo mundo. Romano, inglês ou da ZL).
A melhor amiga da Otávia é a Jocasta, que me diverte muito. É tipo a Anita, melhor amiga da Claire de Six Feet Under. Tanto a Anita quanto a Jocasta praticamente moram na casa da melhor amiga e passam o dia todo se drogando.
Os Junii são a Servilia e o Brutus.
A Servilia é tudo. É tipo a Juliet. Sério. É manipuladora sim, mas só porque são manipuladores com ela. Ela é justa em certo sentido. Foi catada pela Otávia, que ficou meio apegadinha* (claro, quem não ficaria? +_+). Mesmo depois de saber que foi armação, a Servilia sempre tratou muito bem a Otávia e até poupou a vida dela. Pra Servilia, os fins justificam os meios. Sendo linda e maravilhosa, enquanto isso.
Aí, de mais importante, tem só mais a Cleópatra. Ela aparece pouco, mas quando aparece é *o* acontecimento, porque você sabe que merda vai rolar. Apareceu a primeira vez quando o irmão mais novo (uma criança, really) tinha todo o poder e tal. Rumores diziam que ela tava planejando dar um golpe pra pegar o poder, mas a vaca só ficava deitada fumando ópio. Até que chegou o povo de Roma e a ajudou a dar o golpe. O que é uma coisa meio Courtney Love de se fazer. Matando o Kurt ou não, ela só subiu na vida com a morte de alguém da família. E junkie total, hello.
Fora esse povo todo, tem os menos importantes. Tipo a Gaia, que é uma Michelle Rodriguez 3.0; a Irene, que por ser ex-escrava, ter casado com o Pullo, continuado submissa, abortado e ter sido traída parece xerox da Tina; a coitada da Calpúrnia, mulher do Júlio César, que só aparece pra passar vergonha por ser a corneada da cidade.
Falando assim pode parecer um seriado não muito original, mas eu juro que é. Claro que muita coisa não é como aconteceu de verdade, mas não é documentário nem reality show. E tem um mondisexo, né.
...
Eu ia encher de fotos mas já tão pensando que isso aqui é blog de spam. Nem se pode mais geekar direito. Esses vídeos mostram tudo que eu falei aqui, só que melhor. Inclusive dá uma noção melhor da hotness da Servilia.


* fiquei meio sentida por, na página da Otávia, ter a Servilia como inimiga.

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12.6.07

there's something demoralizing about watching two people get more and more crazy about each other, especially when you're the extra person in the room

Ah, Sylvia Plath, Sylvia Plath.
Enfim. Esse é o post pra acabar com dois assuntos chatos de uma vez só. O outro assunto é o aquecimento global. Apesar de fazer parte da liga de blogs que planejam discutir o assunto, essa vai ser a minha única contribuição. E só tô contribuindo porque tem a Leisha Hailey, a Clea Duvall e a Carla Gallo (Sofie e Libby juntas de novo :~~). Enfim, assiste aê.


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8.6.07

that’s how my heart lies down beside the sidewalk

Eu sei que preciso parar de postar bêbada (e de comentar por aí também, eu sei, eu sei). Mas é que o medo tava grande. Enfim.
A pessoasugestão de brincadeira, mas com a vida não se brinca. Então obviamente fomos ao zoológico ontem.
Ela chegou falando que gostaria de sentir medo com segurança. Não sei de onde a pessoa tira essas coisas. Mais tarde, ela resumiu bem. A gente tava se divertindo mais lá do que no airolG*. Apesar das semelhanças (não só com o airolG, mas com a vida noturna paulistana como um todo):


- ursos se atracando: no airolG eram homens mas no zoo eu não consegui ver, sou míope e ficaria estranho se eu prestasse muita atenção em pipi (ou vajayjay) de urso;
- gente fazendo pose pra tirar foto: no airolG, as fotologgers divas. No zoo os macaquinhos que até se abraçaram pra forjar um vínculo mais íntimo;
- eu me cagando e derrubando bebida na calça: nos dois lugares (assim como no resto do mundo), por mera falta de coordenação e não por alcoolismo. Eu sou tão desastrada que consigo cair subindo escada e ainda bater o rosto em móveis, durante a queda;
- alguém falando "Alimac!! Não faz isso!!": no airolG não sei se chegaram a falar explicitamente isso, mas ficou subentendido. No zoo, era uma mãe gritando com a filha;
- um ser que tá sempre em todo canto que eu vou: no zoo, tinha pingüim em todas as outras jaulas. Tipo aquele do desenho da She-Ra, que a gente tinha que achar no final. O pingüim tá em todas por ser coringa, eu disse. Claro que esse comentário estúpido gerou um debate nerd sobre Batman, que foi encerrado com ela dizendo "eu não jogo cartas". No airolG a gente viu as mesmas pessoas de sempre, com ênfase desnecessária em algumas que já me cansaram faz tempo;
- pombas rondando, ameaçando cagar na gente: no zoo, apenas um acontecimento normal da natureza. No airolG, apenas um acontecimento normal da natureza dyke. É um tal de ex-namorada rondar e tentar marcar território, esperando a hora certa de te banhar com cocô líquido;
- cheiro ruim e sujeira: não que eu tenha sentido, já que eu sou deficiente olfativa e tal, mas confio nos relatos. No zoo, até girafa fazendo cocô a gente viu. No airolG, virou uma mistura de fumaça de cigarro com fumaça da pista e suco de gente;
- a fila gigante pra 'casa do sangue frio': no zoo, a 'casa do sangue frio' é a casa das cobras. No airolG, a fila gigante era pro banheiro (aka 'fila da sopa'). Ou, pra ir mais além, a fila era pra entrar no lugar que, pelo menos naquele dia, lembrava um ninho de cobra.
- o fato de eu não ter idéia do que tava vendo: no zoo, elas me perguntavam os nomes dos bichos. Eu falava 'não tenho a menor idéia' o tempo inteiro. No airolG, igualzinho. Tão confusa, essa vida.
- eu achar graça em absolutamente tudo: no zoo, principalmente com os nomes dos bichos. Marreca-carolina, gazela de thompson, zebra damara e pingüim de magalhães foram os hits. No airolG, desde roupas e afetações até a precariedade do lugar e o quanto a gente não tava gostando.
- a anta comendo o peixe: no zoo, na saída. Nem era horário de almoço, a anta tava comendo o peixe só porque podia. A gente bem sabe. Não era questão de sobrevivência mas sim de poder. E num tem nada mais típico dessa vidinha de meu deus do que isso.

Pelo menos o zoo faz reciclagem de lixo. O que me leva ao outro assunto, mas no próximo post.


* era o lugar uó com gente uó e música uó que eu falei aqui, mas não quis dizer o nome.

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the truth lies

Mas hein?
Alguém avisa. Pelamor. Eu tava querendo o feriado, mas agora tenho medo. Faz passar? Faz? Quero mais não.





(o pior é saber que eu não vou sonhar com a anta mascando o peixe, já que eu vi coisa muito pior hoje.)


edit: e que porra é essa do blogger achar que meu blog é de spam? Tenho que digitar "gtiqmiw". Cabei de errar. É só porque eu boto muito link inútil? Maior injustiça. Eu sou nerd sem vida, tá? Não sou spammer. É diferente. Meu edi. Eat my temporary files, motherfuckers. Pegaeu.


edit2: eu fico tão mais boca suja. Foi mal. Eu não vou espirrar. Só preciso registrar que eu vi a disfunção na minha frente. E tipo fiz a egípcia pra ela.
Vamos ver até quando dura.

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5.6.07

só pra tirar o gosto ruim da boca

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2.6.07

do you ever remember me?

"Once I was a soldier
And I fought on foreign sands for you
Once I was a hunter
And I brought home fresh meat for you
Once I was a lover
And I searched behind your eyes for you
And soon there'll be another
To tell you I was just a lie

And though you have forgotten
All of our rubbish dreams
I find myself searching
Through the ashes of our ruins
For the days when we smiled
And the hours that ran wild
With the magic of our eyes
And the silence of our words"



Eu não queria deixar as coisas mais mórbidas por aqui, mas outro dia eu tava andando por uns blogs de música e vi que dia 29 fez 10 anos que o Jeff Buckley morreu. Foi nadar num rio e se afogou, com trinta anos. Quando ele morreu, eu não fazia idéia que ele existia. Meus 14 anos foram embalados por Whigfield e Nikki French (pra eu admitir assim, é porque tem coisa muito pior no meu passado). Fui conhecê-lo bem mais tarde* e eu nunca entendi a morte dele. Quem se afoga em rio? Sempre me pareceu muito mal explicado como alguém como ele morre assim, poof, simplesmente desaparece. Num rio. Acho que nenhuma explicação me deixaria satisfeita.
Muita gente fez música sobre a morte dele, tipo a PJ Harvey, a Aimee Mann. Um monte de gente mesmo. A Aimee Mann tem uma história meio bittersweet com o Jeff. Ela conta melhor:

"This is a song I wrote when Jeff Buckley died. I hadn't known Jeff extremely well, but we kept bumping into each other here and there. One night we met for a drink at a pub in NYC, and started writing messages to each other on a paper placemat that was there, instead of talking, because the music in the bar was really loud or something. An interesting effect of that was that we found ourselves writing things that we would never would dare to say to each other out loud. I remember thinking that he seemed to be sort of lost and sad although he outwardly was very funny and lively and confident, and wrote something about that, among another things. I didn't talk to him for a long time after that - I went to England to live for a while and we talked once or twice and then nothing for over a year. Then one night I got a voice mail message from him that said, "I just realized what you were trying to tell me that night". I tried to call him back but the number I had for him was old, and then I got his new number but I was out of town again and it was difficult to call, and then I heard that he was missing, and presumed dead."


Mas enfim. A vida dele é muito interessante. Claro. Um cara como ele só pode ser bem fudido familiarmente. O pai dele é o Tim Buckley, que também era músico. O Tim abandonou a mulher (Mary) e o Jeff. Os dois só se conheceram quando o Jeff tinha oito anos. O Tim morreu com 28 anos, pouco depois de conhecer o filho. Morreu de overdose. O Jeff cresceu tocando guitarra, em bandas e sozinho. Até que um dia, em 91 (ele ainda não era conhecido, nem tinha lançado nada), o chamaram pra tocar num evento tradicional em homenagem ao Tim. Ele só aceitou porque disse que não foi ao funeral do pai, não pôde falar pra ele o que gostaria e que aquela seria a chance de de prestar suas homenagens. O evento foi numa igreja. Subiu no palco, a platéia sabia que ele era 'o suposto filho'. Ficaram esperando pra ver o que aconteceria. A primeira música que ele cantou foi uma que o Tim escreveu pro Jeff e pra Mary. Ele escreveu uns versos a mais, cantou e claro. Todo mundo se cagou. Cantou mais três. A última foi Once I was, da letra aí de cima, que o Tim escreveu sobre a Mary. A primeira vez que o Jeff ouviu a voz do pai cantando foi aos 6 anos, quando ouviu essa música em disco.
Com o Jeff cantando, naquele evento em homenagem ao pai, é de arrepiar. Ouve aqui**. A letra ganha um outro significado, que acaba com qualquer um no último verso. Não é mais só uma música sobre amantes que se perderam (e uma música do caralho sobre amantes que se perderam, aliás. Meu jesus na cruz). No fim da música, a corda do violão arrebentou e ele cantou o último verso sem acompanhamento. Naquela hora a gente bem sabe que era o Jeff mesmo que queria dizer pro Tim "Sometimes i wonder for a while...do you ever remember me?"***.
...
Depois da última música, ele foi pros bastidores e chorou. Voaram agentes em cima dele, arrumou contrato, lançou o primeiro disco. Quanto tava pra começar a gravar o segundo, teve a idéia de se refrescar no rio.


* o que eu acho que foi ótimo. Eu seria mil vezes mais cagada se conhecesse quando era adolescente. Mil vezes.
** a qualidade tá ruim porque é super antiga a gravação, parece ser de fita k7.
*** ele mudou a letra nessa hora também. A original é "will you ever remember me?".



(esse post tava nos rascunhos há um tempo, resolvi postar. meu vô tá bem.)

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