10.8.07

you were the one i loved to care about, but now i've got to run

Tava andando outro dia pelo meu bairro e percebi como eu tenho facilidade em enterrar pessoas. Saio de casa, ugh, ali é a casa do fulano. Aquele que além de ex era vândalo e resolveu que seria maduro e demonstraria seu desapego à minha pessoa jogando rolos e rolos de papel higiênico molhado na minha casa. Sim, é o tipo de gente que eu atraio/me sinto atraída. Andando mais um pouco, em direção ao shopping, passo por mais três casas/sepulturas. Três amigas diferentes, três traições daquelas de filme. Uma queria o meu namorado vândalo, mas não admitia (se fudeu, tá com ele até hoje e os dois estão horrendos); a outra, que possibilitou que a primeira conseguisse tal namorado vândalo. Claro que elas adoravam planejar tudo enquanto eu dormia.
Na porra do mesmo quarto.
Muito espertas, de fato.
Eu passo um tempo sentindo falta, do tipo 'será que eu me enganei e essas pessoas todas valiam a pena?'. Eu como cocô e não tenho auto-estima, eu sei, geralmente eu gosto gratuitamente das pessoas. Se elas não fazem merda, eu continuo gostando, cada vez mais. E mais e mais e mais. E mais um pouco. Aí quando acontece alguma grande merda, eu fico extremamente desapontada. A minha adolescência toda foi exatamente assim, um grande desapontamento. A partir da terceira ou quarta grande frustração, eu fiquei amarga e cínica. Bem esnobe mesmo. Tão melhor, viu. É sinal que o arrependimento de ter enterrado passou e fica óbvio que eu tô melhor sem todos eles.
Se eles tentam chamar a minha atenção e ressurgir na minha vida 'sem querer', melhor ainda. Porque isso confirma que, de fato, eu tô melhor sem. Do mesmo jeito que fica fácil gostar, fica fácil esquecer. É absolutamente pra sempre. Nunca voltei atrás depois de enterrar alguém aqui dentro. Claro que nessas voltas pelo bairro eu lembro de uma coisa ou outra, mas definitivamente não sinto saudade da falta de caráter de ninguém. Por mais que essa falta de caráter venha enrolada e etiquetada como 'diversão' e intimidade. É esse o meu problema, eu sou doida por intimidade (e isso não é eufemismo pra sexo). Se vier acompanhada de vodka, pessoas bonitas e a rua augusta, pfff. Mas finalmente descobri que tenho limite.
O bom nessa história toda. Achar meu limite e me sentir uma pessoa não tão ruim quanto eu acreditei que era nos últimos dois anos. É tipo ser a Lily Allen e se achar sóbria porque a Amy Winehouse tá do lado. Ninguém no mundo consideraria a Lily sóbria de maneira nenhuma, mas é mais sóbria que a Winehouse. É a cagada perto da mais cagada.
Obrigada pelo bem que você me fez. Te ver crash and burn me fez reavaliar muita coisa. Sua auto-destrutividade me fez mais sóbria. Ou menos auto-destrutiva, whatever.
Isso soa malvado, mas eu até tô sendo fofa.
Resumindo. Me apague* da porra do seu celular e let. It. Go.
Grata.
...
Deveria existir uma empresa pra ajudar gente como eu escolher os amigos. Eu não trocaria os meus por nada nesse mundo, mas seria menos dolorido se eu soubesse logo onde vai dar merda. Antes de considerar como minha família.
...
Tá engraçado ser protagonista de novela mexicana. O enredo dessa vez mudou e tô aproveitando coisas que há muito tempo não aproveitava. Não sei se eu fui meat-tagged, se é a lua cheia ou se é tudo jogo. Eu não tô ligando. É legal toda a atenção. A Lily Allen que existe dentro de mim tá conseguindo não se jogar em história furada e disfuncional mas, ao mesmo tempo, conseguindo se divertir bastante sem fazer merda**. E todas as partes envolvidas sabem da situação, o que pra mim é tipo condição. Com a dose certa de aproximação e distanciamento***. Estar no mundo, mas não ser do mundo. Como nos velhos tempos.


* só um desabafo, a pessoa em questã nem imagina que isso aqui existe. Ler não é um grande hit por ali.
** não se jogar em história furada/disfuncional e não fazer merda dificilmente soa como traços da personalidade da Lily Allen, mas acompanha em nome do estilo, vai.
*** nunca achei que um dia fosse falar de mim acertando uma dose (a não ser dose de vodka. Vai, essa piada tava pedindo pra ser feita).

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