12.8.07

the sheet, the breeze, the slumber

Nada como passar a noite de sexta vendo filme ruim* e a noite de sábado ouvindo shoegaze no máximo volume, limpando computador. Limpei pra ver se parava de travar. O cooler tava funcionando, mas tava cheio de pó. Eu nasci pra ser sapatão mesmo, adoro montar e desmontar essas coisas. Claro que eu não entendo porra nenhuma e entro em pânico porque sempre faço alguma besteira e sai fumacinha, mas eu adoro. Até eu tomar choque.
Agora o computador não trava mais, o que é um mistério pra mim. É impossível que o tanto de pó que tinha lá pudesse empacar o cooler. É por isso que eu nunca vou entender, não me parece ter lógica. Meu coo.
Pelo menos não travou mais (o computador, não o meu coo). Ele tá com as entranhas abertas, piscando pra mim (ainda tô falando do computador, apesar de não parecer).
Como eu sou nojenta. Perdão. Enfim, agora a coisa vai e já já eu posto sobre The Sarah Connor Chronicles e Bionic Woman.
...
Comi hóstia. E não foi num dos meus experimentos gastronômicos enquanto intoxicada. Eu sempre quis saber o gosto da hóstia. Não fiz primeira comunhão. Eu já contei aqui, as poucas aulas que assisti sobre esse povo todo foi pra seguir um menino que eu gostava. Ele ia, eu ia também. Claro que ele nunca nem percebeu que eu existia**. Minha mãe nunca me obrigou, pessoa bondosa que é. Mas nas poucas vezes que fui em missa na vida (eu tenho sérios problemas pra ir em missa, eu tenho que segurar muito a risada. Aí parece que tô tendo um aneurisma), quase me enfiava na fila pra experimentar esse raio de hóstia. Pra mim sempre teve todo um mistério em volta da hóstia, porque eu nunca nem conseguia ver o formato dela. Nem cor, nem nada. Eu sou míope e só comecei a usar óculos tarde, tá? Não ajudava o fato de que todo mundo que a recebia voltava pro lugar com as mãos encolhidas no corpo, com a boca fechada e um olhar resignado. É guaraná jesus? Padê? Injeção de tranquilizante?, eu pensava. Você vê como é importante ensinar as coisas pras crianças. Hoje eu tenho 24 anos e achava até outro dia que hóstia era algo relativamente interessante e mágico.
Minha mãe que me salvou da ignorância. Ela não me explicou quando eu era pequena, mas, décadas depois, conseguiu me resgatar do poço mágico da Branca de Neve. Um dos mil empregos dela (da minha mãe, não da Branca de Neve. Até onde me consta, ela só tinha um trabalho. Lembrando agora, não tinha poço nenhum na história, acho. Ou tinha? O que impressiona é o fato de eu não lembrar dessas histórias - incluindo aí as de JC e sua turma - mas sei de trás pra frente até tipo as histórias das doze temporadas de ER) é num hospital. E lá tem uma capela, pro povo rezar, até com um padre. Minha mãe e o outro professor guardam as coisas na sala do padre. Um dia desses, o outro professor achou o estoque de hóstia e o vinho da missa. Bebeu um pouco do vinho e traficou hóstia pra filha dele. De seis anos.
Quando eu soube disso, fiquei puta com a minha mãe. Como assim eu não ganhei hóstia também? Na semana seguinte ela me trouxe quatro.
E que porra ruim. É tipo isopor. Sem sal. E ainda me deixou com ânsia***. Será que eu sou o anticristo? Enfim. Minha mãe ficou sabendo que roubaram uns equipamentos do hospital. Mas já pegaram o cara porque tem câmera em todo lugar.
Só na semana que vem eu vou saber se a minha mãe vai ser presa. Por ter roubado hóstia.


* preciso parar de ficar vendo fil.me r.u.i.m. por causa de detalhes. Pelo menos eu não pago por eles. O único relativamente bom dessa leva especialmente sapatônica foi Tipping the velvet. Brega até dizer chega, mas é divertido o suficiente.
** ele não reparava em mim, mas eu achava que deus reparava. Eu já falei aqui que as lições eram corrigidas em caneta vermelha e eu nunca lembrava de ter dado meu caderno pra professora corrigir. Abençoada ou desligada? Só consegui responder essa pergunta quando percebi que deus não existe.
*** sou muito a favor de mudarem de hóstia pra bacon. Se mudassem, aposto que ninguém ia fazer cara de bocó pensativo ao voltar pro lugar.

5 comentários:

Rainman Raymond disse...

fofura isso da hóstia. você imagina que ali pelos 15 anos eu usava aparelho e tava dando merda e o ortodontista me encaminhou pra fonoaudióloga alegando que o fracasso do tratamento era devido ao fato d'eu não saber onde deixar minha língua (juro). que a língua tava fodendo com os dentes, empurrando, encavalando tudo. eu fui, né. em estado de choque, como pode uma língua ter tanto poder?, mas fui. porque minha mãe mandou. e aí a fono me passou uma série de exercícios, que a pessoa tinha que se trancar, se isolar da civilização pra fazer porque eram bem ridículos, mas o mais grave de tudo: eu precisava dormir com uma hóstia na boca toda-santa-noite (juro2). e eu megas problemática com hóstias, porque elas me davam ânsia de vômito (sim, também cheguei a pensar que eu era o anti-cristo, meu grande medo na primeira comunhão era de vomitar ali na frente de todo mundo e o padre querer fazer exorcismo em mim, um linda blair bate-cabelo). aí a fono me deu um endereço onde eu podia comprar hóstias. numa casa de artigos religiosos e tal. e eu absolutamente chocada. mas como assim, minha gente! isso não é pecado? tíquete pro inferno sem escalas? como se já não houvesse pecados suficientes agora isso? e a fono me explicou que só tá valendo depois que o padre abençoa a hóstia. antes desse ritual mágico, a hóstia é só uma lâmina de trigo, sem os super-poderes característicos do verdadeiro corpo de cristo. feito água & água benta. ou vinho regular & vinho sangue de cristo. e então eu comprei. a minha mãe comprou, na verdade. um sacão assim com tipo 500 hóstias. e fiz o "tratamento", e aprendi onde eu devo deixar minha língua (quantas piadas é possível fazer sobre isso? as possibilidades nunca, nunca acabam) mas sobraram muitas hóstias. que ficaram no meu guarda-roupa por muito tempo. até que um dia eu joguei no lixo.

o que posso dizer hoje é que o tratamento fonoaudiológico com hóstias contribuiu sobremaneira para o extermínio da minha fé cristã.

the end.

Re disse...

tipo que na casa da minha vó misturavam restos de hóstias com açúcar e tacavam no microondas.
tudo porque minha tia avó era a responsável pelas hóstias pra missa.

Anônimo disse...

Hótias não tem gosto de nada mesmo. A minha mãe sempre falava que você não podia mastigar a hóstia, deveria deixar a bicha dissolver em sua boca, porque se você mastigasse era pecado. Daí que um dia eu fui comungar e a hóstia grudou no céu de minha boca feito caramelo e não saia nem com ajuda da língua.Precisei ajudar com o dedo. Morrendo de vergonha. Maior mico. Hoje, quando vou a missa e comungo, mastigo na maior tranquilidade. Nada a ver. Jesus não é drops.

A. F. disse...

Eu estudei em colégio de freira, fui obrigada a fazer a primeira comunhão. Daí nesse dia tomei a hóstia, que me lembrou o gosto da casquinha de um sorvete bem ruim e barato que eu tomava quando era criança pobrinha. Nunca mais tomei hóstia depois da primeira comunhão. Não quero me lembrar mais do gosto ruim da casquinha do sorvete da minha infância pobrinha.

Annix disse...

Ah, então é vc a amiga da xris!