i've kissed mermaids, rode the el nino
Outro dia eu tive um sonho assustador. Como a minha mãe diz, eu já tive várias vidas passadas numa só. Já fui diumtudo, até eu duvido às vezes. É meio esquizofrênico esse sentimento de olhar pra trás e falar 'vixe, era eu? Nem era, hein'.
Tô enrolando pra falar que eu tinha um futuro relativamente promissor...no esporte. É, eu sei. Sou a única nerd loser que só virou nerd loser quando passou da adolescência.
Eu não era popular. As pessoas me conheciam, mas eu não fazia questão (apesar de que ouvir a escola toda gritando o meu nome na base do 'tum tum tum' entrou pros meus greatest hits). Eu adorava mesmo era viajar pra outras cidades pra competir. Era muito incrível, eu passava o dia com o mais próximo do que eu posso chamar de melhores amigas durante o ginásio-colegial, falando besteira, com aquela leve ansiedade do 'daqui a pouco eu tenho que ir ali e kick some ass'. A gente viajava bastante e acabava fazendo amizade com o pessoal das outras cidades. E era muito legal poder andar com aquela (long lost) confiança de sermos as melhores do lugar (de fato, a gente era mesmo). Acho que foi a única época da minha vida que eu fui meio Alpha.
Mas enfim, sonhei com essa minha vida passada e fiquei pensando como teria sido se eu tivesse seguido esse caminho. Concluí que eu provavelmente estaria nos EUA, tipo em Tampa, sei lá. Eu seria loira, bronzeada, noiva do Juan, que também seria atleta (mas secretamente, eu seria completamente apaixonada pela irmã dele, Juanita, uma morena voluptuosa que me ignoraria totalmente. Mas a eu de Tampa saberia amar em silêncio). Eu teria dinheiro, gostaria de Red Hot Chilli Peppers e Incubus, iria pra Tihuana nas férias com as amigas pra ficar tremendamente bêbada e tentar engrupí-las no 'tô loka do meu edi! let's make out!'. E seria a única situação em que eu beberia, porque meu corpo ia ser diumtudo e eu não ia querer estragar. Meus filmes preferidos seriam À espera de um milagre, Pegue-me se for capaz, Uma linda mulher e Thelma&Louise ('por causa do Brad Pitt'). Eu até me vejo indo à igreja, comendo vegetais, acordando super cedo pra correr, não sabendo usar a 'interweb' nem a quantidade alcoólica da vodka. Seria uma boa amiga, uma boa noiva pro Juan (a eu de Tampa saberia o que é auto controle e negação), não saberia o que é 'chapelaria' nem viveria a dúvida do 'é de entrada ou de consumação?', não teria vontade de sair pela casa correndo gritando 'TYRA MAIL!'.
Totalmente comum*, como tantas outras.
Mas em um aspecto, em um mísero aspecto que seja, eu seria uma das melhores. Ordinária, mas extraordinária em pelo menos uma coisa.
Ser a eu de Tampa não me parece tão ruim agora. Dream of californication (é isso?)
* não que eu não seja hoje em dia, pelamor, né. Mas comparando a eu de Tampa e a eu de hoje.