when i get a little...run run run run run
Mas eu sei ser menininha também. Raptei o dvd de Sense and sensibility, provavelmente o meu chick flick preferido. Tá boa que é romancinho e tal, mas não só isso. Acaba sendo sobre família, sobre dinheiro, sobre a dificuldade de equilibrar as coisas. Assisti pela enésima vez e, depois, assisti com os comentários dA magnânima Emma Thompson. Lá vou eu babar o ovo dela de novo (eu poderia inserir aqui um comentário de baixo calão, mas oi mãe!). Mas a mulher é foda, perdão. Não só é a principal do filme como escreveu o roteiro, que tem pouquíssima coisa do material original. E é o tipo de coisa que, se você adapta bem, ganha Oscar; se adapta mal, vai receber carta pro resto da vida xingando por mexer com uma obra muito importante pra muita gente. Ela conhece a Austen (pela primeira vez não tô falando da Kate, mas da Jane) muito bem, coisa que mostrou no discurso quando ganhou o Globo de Ouro (ela narrou a noite toda e os agradecimentos como se fosse a Austen falando - não tem no youtube, ódio). Muito engraçado, claro. E eu sempre me senti meio mal por rir em alguns momentos do filme, mas ouvindo os comentários da Emma vi que eu não tava blasfemando.
Mas enfim, o filme. Eu o vi pela primeira vez quando tava no meio da adolescência. *O* namorado tinha acabado de largar de mim, os nossos amigos em comum tinham ficado do lado dele. De repente eu me vi sem amigos, com o maior medo do mundo de me machucar daquele jeito de novo e ao mesmo tempo, reavaliando que eles não eram grandes coisas também.
Ou seja, me tornei o ser mais tímido que eu já vi.
Aí entram Elinor e Edward Ferrars. Ela, super contida, prática, observadora, meio distante e meio que o pai daquela família. Ele, sempre parecendo que tava de fralda (e pior, fralda cagada), totalmente desconfortável em toda e qualquer situação, gaguejando mais que eu em dia de apresentação de trabalho quando percebo que vai ser no escuro e a minha camiseta é feita de tinta que brilha na luz negra (eram os anos 90, tá?).
No meio do caminho, pra dar um contraste tão grande que me dá até aflição, tem a Marianne. Que se joga do morro, rola na chuva porque o grande amor tá longe, chora por coisa que nem é com ela e tem um entusiasmo que pelamor. Se naquela época existisse o tal do anuário de colégio, a Marianne seria votada a "mais provável que morra de pneumonia e/ou tuberculose".
Eu gosto porque acho que retrata bem a época. Acho muito bonito porque tem tanto ritual e cerimônia que é difícil captar alguma coisa realmente significante, de um jeito pessoal. Como quando todo mundo empurra o Coronel Brandon pra Elinor, sem nem perceberem que ela quer mesmo o Edward. Ou quando tentam descobrir de quem é que a Elinor gosta. Só os retardados-de-fralda-cagada-e-camiseta-brilhante-observadores-distantes que conseguem isolar todo o cerimonial pomposo e se acharem. Pra mim, o filme fala dessas coisas. De esconder, achar, esperar (quanta espera, meu deus. Claro que sempre da parte das mulheres, né), prestar atenção, segurar o que sente, vomitar o que sente.
A Marianne faz as loucuras de amor dela e é vista. A Elinor tem que rezar e esperar pra ser vista (e ver alguém que também a veja). Tem que confiar muito que, um dia, alguém cagado igual apareça e te note. Tipo "oh, as nossas fraldas são da mesma marca". A Marianne tem a maior fé em tudo e em todos, cegamente. Nem é uma questão pra ela, de tanto que ela sente. Sente por ela e pelos outros. Engata uma terceira e vai. A Elinor não. A Elinor tem medo de tudo, principalmente do que ela mesma sente. A Elinor tem medo de parecer boba como a Marianne. A Marianne tem medo de se privar do que sente como a Elinor. Ah, irmãs. Mais legal que ver essas irmãs, só podendo presenciar - e participar - das atividades incestuosas do Cocorosie (mãe, é mentira, tá? Aqui eu finjo porque tá na moda).
E é clichê, mas ei, você tá aqui. Paraíso dos clichês. Onde eles vêm tirar férias e tomar Hi-Fis. Voltando, o clichê. Marianne x Elinor. É uma constante luta aqui dentro (infelizmente, não literalmente. Não é tipo luta na lama ou no gel). Agora eu percebi e fiquei aliviada porque sempre me senti mal achando que virava outra pessoa quando tô apaixonada. A verdade é que as duas, Marianne e Elinor, tão aqui dentro costurando paninhos, rolando morro abaixo e também escondendo o que sente. É meio óbvio (pelo menos pra mim) ser Marianne quando estamos apaixonados e Elinor quando a gente precisa se recuperar. Eu achava que tinha virado Elinor por outros motivos mais sérios, mas as coisas não precisam ser sempre complicadas.
Aí a gente pode falar de Melanie Klein, mas quando eu chego nesse nível geralmente é sinal pra eu parar de falar merda. E como esse foi um post quase otimista, eu vou ali deitar até passar.
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Sonhei que tava num avião que bateu em um outro. O meu avião caiu primeiro, não aconteceu nada com as pessoas que tavam nele. Eu e mais duas pessoas ficamos encostados numa parede vendo o outro avião cair. Eu resolvi me cobrir com um pedaço de fuselagem que tava por perto. Deu tudo certo. Fomos atendidos num lugar parecido com um pulgueiro aí que se acha estúdio de música. Não conseguia falar com a minha mãe no celular (eu não sabia o código porque não sabia onde eu tava. Eu sei que isso não tem lógica). Aí a Marieta Severo apareceu e me emprestou o celular por satélite dela e eu consegui avisar minha mãe, que nem sabia do acidente mas nem ficou impressionada. Quando eu vi, tava no meu ex prédio na praia, fazendo o maior discurso inflamado sobre amor verdadeiro tentando consolar o Carlos Solis que tinha sido largado.
Pelo Kenny do South Park.
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Acordei e arrebentei meu pé na porta do armário (sem querer...e não vamos falar de simbolismos, por favor. Se eu estivesse mais fora do armário, eu seria hetero de volta. Tipo fui, voltei e fui de novo).
Um comentário:
esse filme é tudooo..lembro que fui assisitir escondida no cinema..
;***
saudade!
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