25.5.08

oh baby, please, give a little respect to me

Tipo precisar fazer xixi na casa de alguém e não saber se pode dar a descarga. Procurar no lixo pra ver se o certo é jogar o papel ali ou se a descarga é potente o suficiente pra não te embaraçar e se recusar a sumir com o papel higiênico. Olhar pra ver se o hidrante parece remotamente confiável. Se não vai começar a vazar por todos os lados. Ou pior. Dar a descarga e não acontecer absolutamente nada.
Tipo dirigir carro dos outros e ter medo de engatar a quinta marcha por falta de familiaridade com o câmbio e sem querer engatar a ré a 100km/h, quebrando a testa no vidro. Tentar olhar o mapinha de marchas no câmbio, mas aquilo tá sempre desgastado o suficiente, sempre confunde. E aí, né. Forçar o motor e pagar de ridícula no meio da rua.
Tipo ouvir juntas o Erasure dizer 'i'm so in love with you' e ficar roxa de vergonha, tendo a certeza de que o mundo todo descobriu (inclusive ela, o que é pior que o mundo todo) e que você é a pessoa mais óbvia que existe.
É. Tipo isso.

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22.5.08

speak to me of your inner peace

Essa semana é a minha segunda preferida, do ano todo. Só perde pra do Tim Festival mesmo. Podem falar o que for da Parada, que avacalhou ou whatever. Mas descer a Consolação a pé, com aquele monte de gente, enquanto a tarde acaba infalivelmente maravilhosa*...só a Cat Power supera, cantando Patsy Cline na sua fuça e imitando a Piaf. Ir pra Paulista de metrô, vixe. Só PJ Harvey com the whores hustle and the hustlers whore, dizendo que nunca viu tantas carinhas felizes na vida.
Uma vez, ela me perguntou se eu me sentia representada pela Parada, já que só se vê o povo caricato. E, né. Só vou me sentir representada se eu for. Não que eu não seja uma caricatura, mas não vamos entrar na minha pateticidade agora.
Ainda sobre visibilidade e sobre a mídia, um vídeo que eu provavelmente já postei mas que é uma das coisas marrlindas do mundo. E não é só porque é da Jennifer Beals. Para aqueles que acham que a tal da 'cultura gay' é só fabricação do mundo capitalista. Claro que mostrar mulheres lindas e peladas dá dinheiro, mas é tão mais que isso. Ela explica melhor que eu. Get them, Dean Porter**!







* nunca vi fins de tarde tão bonitos em São Paulo quanto os da Parada. O friozinho vem de brinde.
** me lembrou isso, né. Sem o fingerfuck de depois, claro.

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18.5.08

old habits die hard when you got a sentimental heart

Só queria saber como é que eu ainda consigo ser remotamente romântica.
Só rindo mesmo.

edit: felizmente fui acometida por um ataque de bom senso e me parei a tempo. Acho que é bom sinal quando meu romantismo consegue ser pulverizado pela realidade. No mínimo eu tô sabendo quando é bom parar de fazer a íntima ridícula.
Mas que seria legal, ah, seria.

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13.5.08

tout ça m'est bien égal

Toda vez que eu reclamo do meu joelho podre, minha mãe sempre responde "é sinal de que você tem joelho". Essa sempre foi a resposta dela pras minhas manhas de dor. Pra me zoar mesmo. Mas, né, mãe é um bicho bem sábio. Se dói, é porque existe. E não tem nada mais reconfortante, seja joelho capenga ou coração capenga. Porque tão ali. E joelhos são importantes, não foram feitos só pra gente bater nos móveis ou ralar quando a gente é criança.
A verdade é que tô velha demais pra me fazer de Ice Queen e brincar de monumento do Ibirapuera. Acho engraçado o meu timing pra tentar ser remotamente saudável e não massacrante. Bem quando sai de moda. Isso aí de chamar pra sair quando dá vontade, tentar fazer tudo direito*, pensar com litruz de antecedência qual a melhor roupa, os amigos que combinam, o cd no carro, gostar do silêncio, o frio na barriga com a possibilidade de encontrar por acaso no meio da rua ou passar pelo bairro...tudo tão last summer quanto pulseira bate-enrola e tênis breaklight.
Idealizar, todo mundo idealiza. É absurdo achar que em algum momento da vida a gente se relaciona com os outros objetivamente. Ou pior, 'realisticamente'. É simplificar demais e tentar racionalizar o que não foi feito pra isso.
Ou, né. Eu me tornei muito mais desinteressante do que eu imaginava ser cabível pra uma vida só. O eternamente possível 'or maybe she's not that into you'.
De qualquer forma, o fim de semana do meu aniversário foi o melhor dos últimos tempos. Não quebrei a tradição de chorar em algum momento das comemorações. Aliás, criei um novo recorde pra choros em buatchy, agora são dois. Pelo menos dessa vez não saí espirrando materiais tóxicos (simbólicos, faz favor, mal aguento vodka) nos outros. Mas não me importo com essas coisas, foi incrível de bom mesmo. Minha mãe me ensinou direitinho. Joelhos são importantes, não foram feitos só pra gente bater nos móveis ou ralar quando a gente é criança.



* claro que isso é totalmente subjetivo. Pra minha nova cachorra, por exemplo. Ela acha que o rapport ideal é fazer xixi. Ela se anima e sai incontinando enquanto pula em quem chega. Jean Martin se empolgou quando a conheceu, achou que ia casar. Se ferrou. Tá dividindo a casinha com uma freak que tem tesão em golden shower. Eles realmente não se dão bem e ela vai ter que ir embora daqui. Mas funcionaria se ele tivesse frieira ou sofresse todo dia queimaduras de águas-vivas.

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