25.12.07

you're cutting diamonds with a rubber knife

M.L., eu vou te contar. Que o ano foi bem bom, mas foi difícil abandonar pra sempre o sonho de ser sua mãe. Porque você ia ser a criança mais bonita da escola, sem dúvida nenhuma. Não daquelas arrogantes insuportáveis, você também ia ser nerd. Mas não nerd de internet, você ironicamente não ia ligar muito pra isso. Até a adolescência você ia ser viciada em Buffy, por herança materna. Ia se transformar numa mulher incrível. E como você seria inteligente, meu deus. A ponto de intimidar as pessoas. Ia gostar de ler bastante. Mas ler mesmo, não como essa sua quase-mãe pilantra aqui. Ia ser muito mimada, principalmente pelo tio, que ia te amar de paixão e te fazer ouvir Callas e Piaf desde pequena. Você teria todo o apoio do mundo e ia se dar muito bem em qualquer coisa que se metesse a fazer. Você seria um pouco diferente, mas eu só vejo vantagem nisso. Você cresceria exatamente como eu imagino que a nova geração deveria crescer. Seu sorriso seria radiante e a sua convicção ia mudar o mundo, daquele jeito que ia me lembrar a minha própria juventude. Você ia se apaixonar pela primeira vez, ia ter seu coração partido pela primeira vez...e a gente estaria do seu lado, pra tomar sorvete e jogar papel higiênico na casa dele(a). Em alguns momentos, você ia correr pra sua vó. Ela seria a sua vó descolada, ia te dar cigarros mentolados escondida e vocês falariam de coisas que você não conseguiria conversar com as suas mães. Ela seria completamente maluca por você. Porque os avós são assim. São as únicas pessoas do mundo que continuam achando a gente incrível, quando a gente acha que o resto do mundo sabe o quanto a gente é loser. Você ia adorar Jeff Buckley e tomar chuva, duas coisas que seriam intensamente desencorajadas em pouca idade.
Ia ser assim, eu bem sei. Porque mães sabem essas coisas, elas costumam ser bem sábias. Mas às vezes até as mães têm que parar e ouvir o que estão gritando. Te ouvi, você também tava gritando. Não sei se algum dia você vai me perdoar por ter fracassado e desistido. Não sei se você queria que eu tivesse ouvido mesmo, mas os pais acabam decepcionando os filhos cedo ou tarde. Os pais também erram, sabe? É difícil aceitar isso, eu sei. Mas um dia você ia entender.
Você seria tão, mas tão feliz.
Nem nasceu, nem teve chance de crescer. Na verdade acho que o mundo não aguentaria a sua existência. I'm not so sure the world deserves. Mas de tempos em tempos, eu converso com você. Through the hole in the sky.
...
Não comi cocô, não tô falando de inseminação artificial fracassada nem de papéis de adoção que não foram aprovados. E não vou começar aquela ladainha antiga, eu tô falando de um lugar bem diferente do que eu tava no fim do ano passado. Isso é só sobre sonhos e ter que desistir deles. Podem parar de revirar os olhos.
...
E que em 2008 eu me apaixone de novo. Queria muito dizer que meu coração virou pedra, mas não é verdade. Queria dizer que, por causa do que aconteceu, eu nunca mais quero me apaixonar. Mas não é verdade. É justamente por causa do que aconteceu que eu quero me apaixonar de novo.

Mais...

22.12.07

i’m gonna put my family back together again

Não fui eu que mudei a minha vida em 2007, né. A correnteza me levou e eu deixei. Desde o começo do ano até agora. Parei de lutar e fui. Porque às vezes a gente tem medo de ser feliz e superar as coisas. Eu não sei muito como agir quando tô feliz sem estragar tudo. Mas tô indo bem, ao que me parece.
O ano começou no maior hedonismo que eu já presenciei. Olhando pra trás me dá um alívio gigante por ter passado. Temporadas no interior, muito Be your own pet. E meu truc-mor, jurando que conseguiria bancar um relacionamento. Só varrendo pra debaixo do tapete. Num consigo fingir por muito tempo e logo aceitei que eu precisava ficar sozinha pra fazer isso direito.
Aí meus avós adoeceram e eu descobri que sou meio capaz de cuidar de alguém, por mais vertigem e fraqueza que eu tenha. Acho que foi a grande diferença do ano, essa aí. Que me fez acordar e parar de correr. É só parar e respirar fundo que a vertigem passa, o mundo não acaba.
Agora a minha vó tem esqueleto de adamantium e meu vô sobreviveu ao reparo do coração partido. Se eu não usasse isso como exemplo, que bela bosta eu seria. Tão ótimos, os dois.
E eu, né. Com um emprego que me surpreende a cada dia, que me diverte e me faz crescer de jeitos bem engraçados*. Com amigos incríveis**, shows ótimos, meus seriados, minhas coisas. Tranqüila como há muito tempo não ficava, responsável como há muito tempo não queria ser, tentando como há muito tempo não me deixava tentar. Solteira em recuperação, no caminho certo. Acordando cedo, bebendo ainda, fugindo do sol e fã de Buffy. E retardada as always***.


* o melhor de tudo são todas as 4 ou 5 formas de ironia envolvidas nisso tudo.
** 2007 também foi o ano em que me acostumei a vê-la. E ela nem sabe, mas a gente tá preparando a mudança pra São Paulo. Porque não tem x men sem professor Xavier. Não existe divisão do interior da escola dos mutantes, é tudo unificado numa só.
*** é importantíssimo destacar que apesar disso tudo, ainda tenho a maturidade emocional de um bolinho de bacalhau (tradução abrasileirada da fox, que saudade). Talvez não dê pra perceber aqui, mas quem me conhece sabe. Que na verdade eu sou a mesma demente de sempre. Bah. Claro que dá pra perceber por aqui. Pegael.

Mais...

18.12.07

why not take all of me?

Tava fazendo um teste. De tipo só fazer post não-diarinho. Não saiu nada e isso aqui ficou meio largado quando na verdade um monte de coisa aconteceu. Tipo conhecer a melhor festa de meninas até agora. Num casarão no Morumbi, com mesa de bilhar, piscina, loungezinho ao ar livre, porão pra banda e tal. É uma casa mesmo, não é buatchy. Música ótima (Cardigans, Peaches, Kills, CSS, Nouvelle Vague...), bebida barata, gente linda e pheena, banda incrível (mistura de MAM e s-k). Climinha de festa íntima sem ser íntima demais. O único problema foi ouvir uma criança chorando dentro de um dos quartos da casa (!) enquanto todo mundo bebia e fumava maconha. Me senti tão mal por estar bêbada naquela hora. Uma coisa trainspotting, sei lá. Até fiquei meio sóbria. O que será dessa criança?
Descobri outro lugar legal na Augusta, não é botecão mas é incrível. Não sei o nome, mas é bem bonito pra quem quiser sair pra um date fofo do tipo 'quero conhecer seus amigos e você quer conhecer os meus'. Recomendo o banheiro, ó.
...
E aí a gente entra em duas questões.
A primeira. Que fica difícil ser uma pessoa séria trabalhando na Consolação. Porque é sair do trabalho e alguém ligar pra sair. O happy hour vira happy week e eu tô nessa há 3 semanas, chegando em casa meia noite pra acordar às 9h. Sem falar na quantidade de dates involuntários que isso envolveu. Tem hora que eu tenho que nenler mesmo.
A segunda questão. Daquilo de escolher gostar de alguém ou não. De existir aquele ponto em que dá pra falar 'eu escolho me apaixonar'. Eu não acho que existe isso. Porque se existisse, não teria tanta gente fudida no mundo. Não acho que dá pra se apaixonar com a convivência, com o costume, com a boa vontade. Nem tem a ver com isso. Tem a ver com as pernas tremerem só de ver, gelar e esquentar ao mesmo tempo só de ouvir a voz, com a dificuldade de olhar nos olhos, com o medo, com as olhadas pelo canto do olho, com o festival de gagueira que só some (se é que some) quando fala ao telefone.
E aí uma banda qualquer numa buatchy qualquer na Augusta resolve tocar All of me e dificultar consideravelmente a minha vida.
...
Mas bom mesmo é o truc que eu me dou, tentando me convencer (sem sucesso) que a cãimbra que me acordou outra manhã foi por usar salto o dia inteiro.

Mais...

12.12.07

i know you say that there's no one for you (but here is one)

Quero só ver até onde eu consigo. Negar o que eu sinto nunca foi uma especialidade minha. Mas tá difícil não fazer isso, como eu falei no post anterior. Muito muito medo*, o que até é meio compreensível. Tá todo mundo me achando besta por ter medo e cautela, mas tá foda mesmo. Falar 'não quero ter um date' (nessas palavras exatas) e no dia seguinte perceber que me meti num double date é demais, nem Freud me levaria a sério. Ia rir na minha cara e me chamar de fanfarrona. Aì eu digo que não pode ter bagunça emocional e que quero colocar limite. No minuto seguinte ignoro a bagagem e dane-se. Saber o que eu quero mesmo é fácil, difícil é eu me permitir conseguir. Tem jeito não, viu.


* é possível gostar de alguém que não tem absolutamente nada em comum com você? Alguém diz que não é possível? Brigada.

Mais...

10.12.07

i guess i already am

A negativa constitui um modo de tomar conhecimento do que está reprimido; com efeito, já é uma suspensão da repressão, embora, não, naturalmente, uma aceitação do que está reprimido.
(#)

Mais...

why would i escape you?

Saber botar limite é adulto? Ou extremamente careta? Alguém me avisa? Tô ficando tão chata que nem eu me aguento.
Semana daquelas de querer que o mundo ande mais devagar. Não tô dando conta mesmo. Ainda bem que eu só tenho uma folga por semana.

Mais...

4.12.07

pimps and queens and criminal queers

Tô ativamente tentando não fazer um post feliz. O problema é que eu não ando sutil, então quase sempre acho melhor não postar. Mas, né, oi. Algumas situações pedem. E aí eu fico feliz por ela ter visto ao vivo no Brasil, nesse fim de semana, porque eu tenho certeza que ela sempre imaginou que metade do que eu falava era truc. Mesmo porque nem eu acredito às vezes. Ela viu que eu tava quieta. Um privilégio, aliás, ela estar ali pra atestar que eu tava na minha. Porque a gente sabe que ela sempre lembra das coisas mais importantes.
Voltando.
Nem x men consegue sobreviver nessa cidade e manter o caráter super-heróico completamente intacto. Tô conseguindo não fazer muita merda porque tô traumatizada, né, já tive a minha época fênix negra. Mas virei a rainha da cara de bunda. E mesmo assim insistem. Depois vira uma bagunça, eu tenho que ouvir 'eu poderia cuidar tão bem de você' e coisas parecidas, e tentar esconder a minha cara de 'q'. Cmo fas amica? É foda quem não aprende*. Eu cansei de viver na bagunça emocional. Como bem diz a niquinha, parece o início dos tempos. Tipo Adão e Eva povoando o mundo, quando só existiam eles e a própria família e pra coisa andar, eles tinham que se comer**. Tanta gente no mundo, meu deus, vamo sair e conhecer gente nova? Juro que tem umas pessoas bacanas lá fora*** e você tá aí, deprimido, de cueca tocando piano enquanto faz o orkut dos amigos de cardápio. Renovando, vamo lá.
Pronto. Tá ficando feliz de novo. Merda. Mas eu já sei. Vou começar a ler Sylvia Plath todo dia. Pegael.




* outra coisa bunita. Ver gente passando pelo que eu passei e ficar tudo tão óbvio. No shades of gray.
** a gente sabe que a história num é assim. Na verdade vocês sabem, eu nem sei direito. Mas acompanhem porque é uma boa comparação.
*** parece impossível, né? Mas te digo que nem é.

Mais...

a mirror has to do for now

Alguém me avisa, vai. Chega de post feliz. Apaguei o último. Ô coisa desinteressante. Enfim, obrigada, meus x men. Vocês se superam a cada fim de semana.

Mais...

2.12.07

if you're feeling way too much, but inside you can't stop

Se toda ressaca for assim, eu nunca mais vou beber. Alguém acode, me bota na rehab.

Mais...

don't want you on your back, i just got on my feet

ela pra trazer cor pra minha vida*. Adeus, tudo-escuro. Agora eu quero é vermelho. Tô falando do monitor mas não só dele, né. O resto fica pra quando eu estiver sóbria e sem sono.
...
Um saco, virei bêbada chata. Eu era bêbada introspectiva, mas agora eu até ligo pras pessoas. Quanta vergonha. E molesto orelha de terceiros. Perdão, todo mundo. I mean that. Acho que isso passa quando eu voltar a ser infeliz.


* ai meu. Eu não queria comentar, mas. O que já tava fácil ficou tão mais fácil. Thank you, baby jesus, pelas ironias desse mundo que me ajudam de uma maneira que só a blogosfera conseguiria explicar. Só aqueles da mesa do bar podem entender o tamanho da minha gargalhada. E a história aumenta sempre. Mas pensando bem, faz muito sentido. Eu não quero ser maldosa com quem eu não conheço, mas meldels.

Mais...

1.12.07

i'm gonna find me a dying river

Só pra registrar que fui dormir antes das 23 horas e que tô acordada há mais de meia hora. Pra eu não achar que foi sonho. Aliás, não tem coisa melhor que acordar com Cowboy Junkies no fim de semana.
É só, fim.

Mais...